Sobre Postes, tabuleiros e consumo

by - domingo, outubro 02, 2022

 




"Lojas não são gentis com pessoas, são gentis com cartões de crédito”
Edward Lewis – personagem de Richard Gere em Uma Linda Mulher


Acaso se você não possuir o figurino X na personagem Y do seriado ou novela (ou mesmo blogueira de moda) está por fora, certo?

Nopeeeee!!!

Recentemente, me interessei por uma bolsa de marca. Não que a desejei por seu nome, na verdade, foi amor à primeira vista devido ao fato de ela ter parecido ser feita para mim. Sabe aquele objeto que te representa e se você usar é como ser única? (Pelo menos, é o que as propagandas pregam)
E é estranho como a mesma indústria que te veste e embeleza pode também te angustiar. Se podemos comprar, é lindo. Mas e se não podemos porque temos outras prioridades? Vem aquele sentimento de vazio e, aí, você vê a influencer fulana-de-tal ostentando aquela bolsa que não coube no teu orçamento. Aff!
Atualmente as mídias sociais potencializaram o desejo consumista. Lembro-me de quando era pré-adolescente na metade dos anos 90 e comprava minhas revistinhas teen, poxa, era um acontecimento ir à banca para pegar a bíblia da moda jovem. Daí eu via as garotas superproduzidas nas páginas e sonhava com aquele estilo de vida.
Não estou dizendo que comprar é errado, não é isso. Apenas quero expor uma reflexão sobre o ato da compra. Notem como as fotos de viagens e comportamento dos influencers, amigos do Facebook e Instagram, etc, mexe com a cuca da gente. Ter é ser – já dizia Zygmunt Bauman:

“Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte”.

Essa é a armadilha do mundo virtual, temos de parecer ser/ter/sentir/, ou seja, é preciso estar visível, ostentar na vitrine da rede?

Passaram os anos e pouco ou nada mudou. O cenário pipoca por todos os lados. Não sei, sabe. No tabuleiro da vida, as regras chegaram antes de nós.

Nesse mundo invertido em que estamos, é o poste quem faz xixi no cachorro.




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