BECOS DIGITAIS
Quando você começa a passar mais tempo com a fuça metida nos livros, ao invés de atolada nos feeds com status inatingíveis, saiba que sua chave virou para melhor.
De fato a internet é um recurso universal para divulgação de empresas, produtos, conteúdo didático, portfólios de artistas, etc. Com sabedoria e organização a rede é uma tremenda ferramenta.
Mas me pego em sofreguidão por averiguar o quão a vida de todo mundo está parecendo melhor de que a minha. E a decoração das casas é algo igualmente invejável. Todas (TODAS) as it-girls tem um vaso com costela-de-Adão decorando mesas; quadros com mensagens motivacionais nas paredes; móveis brancos; tudo clean e minimalista. Como se o catálogo da Tok Stok inteira tivesse sido vomitado em suas residências. E de repente, sempre que surgem novas blogueiras, os celulares se enchem do mesmo. É uma fábrica de clones.
Nas décadas anteriores não era diferente. Quando a mídia queria nos doutrinar, entupiam revistas, novelas, filmes e comerciais de TV de anúncios. O bombardeio procedia de todas as direções. Somos gado, essa é a real.
No entanto, o que me deixa realmente triste é como as pessoas estão cada vez mais vazias. Desejosas por relevância. E querem seguidores, pois são missionárias da religião-tecnologia.
O futuro sempre foi motivo de inquietação, dúvidas e variados questionamentos. Mas hoje, tenho medo. Está escuro nos becos dos feeds. Quando todos estão no mesmo lugar, ao mesmo tempo, todos os dias… me pergunto onde, então, estão os visionários anônimos? Esses que também ficam chocados com a sociedade self e a febre Tik Tok.
E o que dizer da overdose de harmonização facial que estampa o rosto da maioria das Youtubers de maquiagem? Bocas gordas de colágeno, sobrancelhas idênticas, compras semanais.
Vou iniciar o movimento “livros ao invés de feeds”. Ler amplia o vocabulário, melhora as conexões cerebrais e te torna um articulado orador. Redes sociais, por outro lado, aumentam a ansiedade, despertam a inveja e sugam a ponta dos dedos em um faminto percorrer por status infinitos.
Gostaria de mencionar que gosto de ver besteira na internet. Acompanho vários criadores de conteúdo. O que eu trago para reflexão é a questão da qualidade da informação. Precisamos tratar bem a nossa cuca.
Olhem por onde pisam, ou nesse caso, onde clicam.
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